Como discutir moda sem falar em tendências?
Já que falando a respeito de moda estarei, involuntariamente, discutindo tendências?
Sem contar que postando alguma coisa sobre moda consequentemente também estaria criando um sentido natural para tudo que eu for escrever!!
Depressão.
Será que também não passo de mais uma tendência?
”Estamos em tendências”.
Tudo que nos cerca nos engole.
E não é só a moda que se inclina, são todos os objetos que podem ser consumidos de alguma forma.
Este post é uma derivação do anterior. Acho que esse assunto ainda gera bastante discussão:
“Tendência”
No post anterior dizia que a moda só é irritante, e aparentemente fútil, por culpa das pessoas e suas “tendências”. Não dizia sobre as pessoas comuns - aquelas que vão a lojas de departamento (aliás que eu também vou) e compram a sua blusa cor de pêssego podre para ficar semelhantes a fulana de tal da revista. De toda maneira, sobre os fashionistas bitolados que vivem e discutem só sobre esse assunto. Convivem apenas com pessoas do meio e que transformam a moda numa coisa intocável, chata e o escambau. É esse padrão ilusoriamente dito como “despadronizado”, de estilo, que faz com que a gente venha acreditar ser o original, mas não é.
Em contrapartida a arte que está embutida no contexto e nos conceitos desaparece. E aquilo que é feito com seriedade torna-se, também, parte de uma grande massa ignorada e sob efeito de preconceito.
O meu maior exemplo foi quando entrevistei estudantes de moda. Quando eu perguntei sobre as inspirações, influencia em estilistas e suas preferências, todos sem exceção, me olharam estranho, como quem gostaria de ter dito: "puta merda, estudo tanto tempo, crio o meu formato para você me perguntar em que estilista me inspirei?". A partir desse momento vi que existem cérebros inteligentíssimos por trás de tecidos e cortes estruturados envoltos em modelos magérrimas, que constroem conceitos de acordo com estudos profundos em arquitetura, animais, histórias, obras de arte e teorias. Isso, definitivamente, é moda. Na sua mais pura essência. Ta certo que depois vira tendência e estraga tudo.
Recebi um comentário bastante sensato da Marti, que também tem um blog. Em suma, ela dizia que as pessoas precisam das tendência para se sentirem seguras.Concordo com ela, ainda sim, não apenas no discurso da moda, mas num modo geral. Alguns seres humanos precisam da aceitação. Os que não precisam criam para os que precisam consumirem. Simples.
Falando sobre moda ou não, entenda-se num plano aberto: todas as pessoas bitoladas que só discutem e vivem coisas específicas me deixam com preguiça. Seja ela quem for. E tenho dito.
Quer ver algo estúpido?
Quer ver algo estúpido?


Elogiei a Vogue inglesa no ultimo post, mas não precisa ser assim sempre. Veja que a tendência do mundo, resumida em uma única peça da Dior, está na edição de dezembro na Vogue China e Japão
É por isso que a moda - como os filmes e as novelas - da arte passa a ser algo tão corriqueiro.
Acabou!
Igual a revistas semanais de fofocas e suas manchetes sobre o casamento. Ou até mesmo todas as revistas mensais (que nós bem conhecemos) dilacerando detalhes a partir de um suposto acidente do século. A tendência burra faz com que a gente se sinta satisfeitos por um tempo. Logo em seguida, nos enjoa, nos dá repugnância. Por último, dando continuidade ao processo cíclico, ela nos abocanha a cabeça, enquanto a gente engole o seu rabo.
pronto falei.