domingo, 21 de outubro de 2007

Por trás de uma coletiva de imprensa


Estou ajudando a produzir e apresentar um programa na internê . Eu e um grupo de amigos (inclusive todos homens,sou a única mulher). Teremos um quadro que vai se chamar "por de trás de". Desta vez, na verdade a primeira vez, foi escolhido, por uma eventual circunstancia,
senão por causa da circunstância, uma coletiva. Mas, o que seria uma coletiva, passou a ser uma entrevista. Ontem aconteceu um show, aqui na minha cidade, da super roqueira TEEN, de 30 anos de idade e com maquiagem de garota de 13 (e uma mentalidade idem, ela que disse isso) Pitty. Não sou fã dessa cantora, embora saiba algumas músicas, pois já fui adolescente um dia e ela já era famosa naquela época (se ainda não sou) e enfim. Decidimos da noite para o dia que faríamos uma entrevista com a mulher. Estávamos todos receosos, pois o nosso programa é diferente, com muita coisa zoada e ninguém do grupo gosta muito dela, apesar de dividirmos uma mesma opinião justa: ela arrasa em cima do palco e não tem como negar. A tarde precisávamos gravar takes, vinhetas e chamadas para o programa. Mas, só aqui entre nós, foi absurdamente mais divertido do que propriamente a entrevista.


13:00
Ligamos atrás de informações, disseram que às 14:00h a Pitty faria uma passagem de som. Então lá fui eu remarcar com o pessoal, porque tava tudo certo para a reunião no centro. Não deu certo, ela não faria mais passagem de som. Desmarquei tudo de novo. Aproveitamos para desenvolver algumas perguntas, foram 10 é bom deixar isso claro. Nada convencional, nada objetivo e nada que ela conseguiria responder rapidamente. Discutimos as características do programa e quem mais entrevistaríamos. Fomos a tarde no local do show. Já havia uma grande concentração de pessoas. Conversamos com um pessoal, os músicos das bandas que abririam o show.

17:00
Nada de Pitty, nada de informação. Ninguém sabia que tipo de entrevista seria (coletiva ou não).
Surgiu um burburinho que poderíamos conversar com ela e não seria uma coletiva necessáriamente. Depois disseram que seria 10 minutos de coletiva no máximo. Eu confesso, fiquei bastante mal humorada. Tive um ataque de estrelismo de categoria 2. Eu queria comer, o Lucas queria uma cerveja e um dos câmeras foi embora. Ótimo. Tínhamos quatro pessoas cansadas e entediadas para fazer um quadro.

18:00/19/

As pessoas foram chegando (jornalistas e afins). O que foi incrível. Começaram as picuínhas, competição para quem faria as perguntas primeiro, alguns comentários maldosos e gracinhas convencionais. Eis que chega a nossa querida Pitty no meio de 48 seguranças, músicos, todos de preto, o que me deu medo. Ela no meio com as suas mechas (aquelas que eu usava quando tinha 15 anos) sua meia arrastão e o sua altura toda: 1,45 (isso foi uma surpresa). Esperamos mais meia hora.

20:35

A produtora desponta do corredor e diz: Tá na hora. Bom, não foi dessa maneira tão épica. O nosso companheiro de trabalho, careca, foi o primeiro, talvez achando que fosse apanhar o primeiro bom humor da nossa roqueira. O único. Se é que ele pegou. Fiquei lá bem quietinha no final da fila, para mim não fazia diferença mesmo a Pitty seria apenas um detalhe no quadro, no qual o nosso sofrimento seria o principal.

21:00
“Mayhara pode entrar”. E daí foi lá, o câmera um, dois, fotógrafa e eu. Cheguei lá, Pitty estava em uma poltrona toda arrumatinha, de lado, pernas cruzadas, montada: 45cm de espessura de pura massa corrida e suas pintinhas característica nos dois olhos. Até aí tudo bem. Expliquei que faríamos perguntas esquisitas e se ela não se importava. Ela respondeu enfática “Graças a Deus”. Lucas ligou a câmera e lá fui eu. Ah sim, das 10 perguntas apenas 3. “Apenas 3 perguntas heim, mayhara, por favor!” Tá, Tá, tudo bem.
Ela, fria, estática, parecia uma estátua de pedra, contrariando aquele discurso todo que ela é feita de carne e osso e blá blá. Fiquei com vergonha de mim, confesso. Lembrei da frase da jornalista Nina Lemos que dizia: “Jornalista é cafona” . Logo consegui me enxergar naquela situação.
"Estamos aqui com a cantora (será que eu tigo teen) Pitty, depois de horas E HORAS de espera".


21:20
Pedimos que ela fizesse uma gracinha lá, na chamada do nosso programa. Parece que ela gostou e fez caras e bocas. Eh, ela foi até simpática. No final agradeci e ela retribuiu de uma forma esfuziante, “Boa sorte viuuu”.O que me animou, e o que eu não entendi muito bem.

O jornalista de um programa local, do SBT , disse em uma entrevista para nós: "A Paula Toller é engraçada, antes de ligarmos a câmera ela estava de super mal humor, foi arrogante. Depois, que começamos a rodar a entrevista, ela mudou, tornou-se o ser humano mais simpático!”.

Bom, não sei se eu fico feliz pela Pitty ter feito ao contrário.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sobre as patologias

Perder a virgindade é sempre difícil, ainda mais quando não se conhece direito o(a) parceiro(a); apesar disso, meu temperamento temerário me impele as escolhas mais complicadas, quase sempre com resultados desastrosos. Espero que esse não seja o caso desse breve comentário.

Não li a Veja, outros blogs de cinema, no máximo a crítica da Cinética. Muita coisa chegou aos meus ouvidos por conversas - principalmente sobre a tal publicação - e outras simplesmente através de uma pesquisa superficial que eu fiz pela internet por causa do frisson das últimas semanas. Em geral, muita bobagem, mas que me fez perguntar: por que um cara como o Ruy Gardnier avalia com três estrelas Tropa de Elite? Fui assistir e gostei.

Reduzí-lo a propaganda do BOPE ou argumentar que ele aponta o usuário como sócio do tráfico é, pra ser gentil, inocência; um lapso de conceito básico: o discurso do personagem principal não é, necessariamente, o discurso do filme. Alguém já viu propaganda do exército mostrar cenas de combate ou tortura? Como o usuário pode ser acusado de sócio do tráfico se a todo momento ele está acuado, pressionado tanto pela polícia como pelos traficantes? Não, as primeiras impressões não devem ser finais, ainda mais quando se trata de temas conturbados.

E principalmente, no que tange o personagem principal, o Nascimento, nome ironicamente colocado ao lado de uma caveira. Pra começar, a brutalidade característica do soldado não impede ele de se sensibilizar com umas coisas que, na realidade do filme, não deviam passar de bobagem, numa ligação com "Nascido pra Matar", do Kubrick, que pra mim é quase direta. Lá, o personagem do repórter, é ao mesmo tempo consciente dos absurdos da guerra e agente deles, criando uma ambigüidade sufocante; aqui, a discrepância entre o senso torto de justiça de Nascimento e o prazer violento com que ele aplica essa justiça à la grupo de extermínio é aviltante. Ele faz umas coisas que me deixam puto e ao mesmo tempo não posso deixar de caminhar ao lado dele através desse labirinto de paradoxos, imergindo nas vielas do morro carioca, AR-15 na mão, cada vez mais dentro de um lodaçal que só piora, olhos perplexos de frente pro círculo vicioso de corrupção e cinismo que se tornou a favela.

domingo, 14 de outubro de 2007

Eu sou o palhaço...



Sempre detestei palhaços. Trauma de infância. E descobri isso meio sem querer, comentando uma vez com minha mãe que sempre ficava nervoso ao ver um deles. Qual foi minha surpresa quando ela me disse que, uma vez num circo, devia ter 4 ou 5 anos, para minha infelicidade, um palhaço me pegou no colo. O escândalo que eu fiz foi tão grande que abreviou o espetáculo e ela foi obrigada a me levar embora. Até hoje fico meio bolado com palhaços, principalmente um que sempre na época de natal fica ali pelas bandas da pelinca, a rua mais "famosa" da minha Dogville, animando, ou assustando (no meu caso) as pessoas que por ali transitam. Sinistro. Tem a cara coberta por maquiagem preta e o cabelo azul! ECOW!

Desnecessário dizer que essa figura aí de cima marcou minha infância. E da pior maneira possível. Era só eu começar a ouvir a musiquinha "Eu sou o Palhaço, meu nome é Bozo, trazendo alegria pra vc e o vovô..." pra entrar em pânico. Imaginem o dilema, todos meus amigos na época eram fãs do palhaço, o que quase que me obrigava a gostar. Mas infeliz ou felizmente, nunca me deixei levar.
Agora me digam. Como podia gostar de um palhaço gringo, com as cores da bandeira americana, atendendo um telefone sentado de pernas cruzadas, balançando a perna com aquele sapato enoooormeeeee convidando os "amiguinhos" a participarem de várias brincadeiras, a bozomemória, a do baldinho e a ridícula corridinha de cavalos.
Interpretado pelo pseudo-galã Luis Ricardo, que depois se tornou apresentador de Tele-sena, o Bozo tinha como parceira a horrenda Vovó Mafalda, com seus slogans recheados de "Dindinho e Dindinha" (sic). E tinha também o Papai Papudo, uma espécie de mini-espantalho da terceira idade.

O pior foi descobrir que, depois do Luís Ricardo, o Bozo foi interpretado pelo Arlindo Barreto que confessou numa entrevista à revista playboy que apresentava o programa completamente chapado, alucinado de tudo quanto é droga, animando a criançada com a cabeça fritando. Depos dessa experiência trash, Arlindo virou pastor e afirma ter encontrado o caminho na luz de Jesus. Sobriedade ou será que desta vez ele embarcou numa bad trip sem volta? É... a minha teoria da conspiração estava certa... além das bitocas, quem diria que o palhaço curtia também outras coisas em seu nariz. E pensar que esse cheirador influenciou toda uma geração.

Mas o melhor ainda estava por vir, comovido com o meu drama, o meu tio, que também odiava o Bozo, teve a brilhante idéia de ligar para o programa, direto do escritório de papai e ter uma conversinha ao vivo com ele. O diálogo eu reproduzo aqui:

Bozo: Alô amiguinho, como vai?
Tio: muito bem palhacinho!
Bozo: qual brincadeirinha vc quer participar?
Tio: eu... eu quero que vc vá tomar no cú!!!
Bozo(o idiota ainda veio com essa): o q? Comer tomate cru???
Tio: não... é tomar no cú mesmo!!!

Nesse momento o programa sai imediatamente do ar... papai ao lado, passando mal de rir e eu, com meus 8 ou 9 anos, me sentindo completamente vingado. Grande tio Ivan... essa história foi o assunto de semanas no país. O Bozo? Nunca mais atendeu nenhuma ligação ao vivo... trauma de adulto!!!


quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A melhor foto do ano


Nosso guia numa pose FHC.




















Aqui se faz, aqui se paga.

Hoje dei aula. Duas. Uma para os meus alunos carentes e outra para um professor, colega meu. A história é real. O caso foi grave. Mais um sinal da pandemia planetária. Foi durante o intervalo, durante o recreio dos alunos, na sala dos professores. Eu não tinha mais aulas depois. Ele veio até mim e disse:

- Estou pegando livros na biblioteca da escola. O diretor autorizou. Tem muita coisa boa aqui.

Fiquei duplamente feliz. Sempre é bom que os professores leiam e se instruam. É um alívio saber que a biblioteca tem livros bons. Por um acaso raro, eu estava de bom humor. Assenti sorrindo. Pecado incomum. Ele continuou. Contou do autor. Fiquei arrepiado. (Não vou contar quem era. Também não digo o nome do colega. Não quero arranjar confusão. Sou boa gente, cabra manso. Uma boiada para não entrar em briga e um boi para sair. Ele é meu colega...) Conheço o autor, não conhecia o colega. Os dois são resultado da preguiça. Um viu, não entendeu e resolveu escrever. O outro não viu, quis ler e não entendeu. Os dois não sabem argumentar. O meu colega admitiu:

- Não sou bom nessas coisas.

O outro, o autor, não admite. Escreve sem parar e mal sabe ler. Viva a democracia. (É de coração.) Meu colega, satisfeito, quis me explicar. Coitado. É bem intencionado. Não tem nada na cabeça. Resolvi ensinar, mesmo no recreio. O trabalho do bom professor não tem fim nem descanso. Além disso, é mal remunerado. Nesse caso, voluntário. Demonstrei passo a passo por que o autor não tem razão. Fui gentil e carismático. Já falei: é um pecado raro. Aqui se faz, aqui se paga. Depois da minha explicação, ouvi uma longa digressão sobre o tudo, a inclusão e o nada. Longa, demasiado longa. No final, para a minha surpresa, outra confissão:

- Não posso perder a oportunidade. Esse exemplar está praticamente em estado de novo. Não dá pra deixar de ler um livro teórico pequeno como esse.


O caso era simples: escolheu o livro pelo tamanho.

sábado, 6 de outubro de 2007

ensaio

Ela não sabe o que dizer de sua própria pretensão de desvendar e transmitir a sua eloqüência só pelo jeito olhar. Ela não sabe ser outra. Musa, dilacerada, coração vertiginoso, derradeiro, não se aventura sem antes calcular sua passagem sem medir milimetricamente a sua conduta, imoral. O seu passo é curto, rápido e certeiro. Nada a impede de desvendar quaisquer absurdos do seu meio social fútil. A sua delicadeza visceral, atormenta, permite verter, judiciosamente, um fio de cicuta em suas palavras. A sua sombra transcorre, escorre pelos cômodos, invade permanece, gruda, corroí. Por onde ela passa propaga escuridão, como tal a frieza do desapego de suas ações. A mulher que não está, necessariamente, em corpo, físico, presença em perfume, carne ou seu Chanel alinhado, mas na hostilidade da sugestão, no soar das vogais e consoantes do seu nome que provoca, destrói...
Incerta textura da paisagem: a musa jogada no tapete de pele, em sua sala principal... uma piteira ao lado e dezenas de devaneios espalhados ao seu redor. A princesa do flerte. A segurança inquestionável em seus gesto intimidava os seres inanimados à os que de frente estruturados não se cabiam de aversão. Balbuciava seus sonetos de Elegia a frente de um piano, ela era só, contra todos. Ela, no seu quarto, no seu palco, uma cena de auto flagelo na frente do espelho que a condena, ela repele. O espelho dirige a imagem de uma dama e aprisiona alguma desconhecida. Será uma vilã, será uma vítima...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A vigança

"A gente vai cutucando até o fígado cair". Esse foi o comentário carismático do bisbo Edir Macedo, no lançamento da nova emissora da Record News, referindo-se a uma certa estratégia de quebra de monopólio de comunicação da Globo. Para quem não se lembra o bispo foi alvo acusação de charlatanismo e curandeirismo, em 92. Tudo isso resultou numa série simpática da rede globo, "Decadência", em 95, sobre um bispo evangélico ganancioso e etc.
A festa estava bonita, com o Lula, Serra e o Macedão apertando o botão vermelho. Pedi para um o Gustavo fazer uma charge.. isso definitivamente não poderia passar em branco.


Mas agora eu não sei o que ficou mais engraçado: se é a alfinetada, a notícia que o bispo vai lançar a sua biografia em todas as capitais do BRASIL ou se é a charge com o típico humor que só o nosso rapaz tem





*O livro vai se chamar "O Bispo: A História Revelada de Edir Macedo" Com uma tiragem inicial de 700 mil cópias.

*Eu e o Gustavo vamos comprar.

*Isso vai ser melhor que final de novela mexicana comendo uma pizza de calabresa.

*resposta da globo para comentário: "calúnias requentadas".


que classe. que divertido.
como se eu me importasse muito.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Portable Toilet

A humanidade com certeza evoluiu bastante.
Muitos avanços tecnológicos e investimentos em pesquisas.
Sim senhor. Muita evolução.
Basta observar essa beleza de invenção: a privada portátil.







Imagine você na seguinte situação: festinha escrota, ambiente escroto. Pessoas bêbadas e chatas por toda a parte. Você ali de saco cheio, querendo ir embora e com vontade de mandar a maioria dos seres humanos ali presentes irem tomar no cu. Mas não pode ir, pois está de carona e a festa é no cu do mundo.
As garotas com quem você flertou lhe esnobaram. O DJ só toca músicas merdas. Mas merdas mesmo. Daquelas que não conseguem nem entrar num cd vagabundo da Som Livre. Os imbecis estão falando aquelas imbecilidades que lhes são de costume. Carros, cerveja e mulher. Futebol de vez em quando. Puta merda. Que festa escrota! Vontade de cagar. Você vai ao banheiro e percebe que a parte mais limpa do mesmo é o teto. Fezes, vômitos e outros fluídos corporais espalhados por toda a parte. Puta que pariu. Essa foi a gota d'água.
Então você tem um estalo. Abre a sua mochila e tira sua belíssima privada portátil e a monta bem no meio do salão.

"Seus filhos de prostitutas! Essa aqui é para vocês!"

O resto vocês podem imaginar.

http://www.composters.com/chipper-shredder/nature-plus-portable-toilet_144_13.php